domingo, 1 de setembro de 2019

Perfil - Simples assim, ou não...

Resultado de imagem para desenho de mulher negra

     
 “Já fui babá, mas quebrei a linha de doméstica da família. Cozinho muito bem e sou a primeira pessoa da minha família a se formar.” É assim que Andreza Íris inicia a história da sua vida, demonstrando que sabe a que veio, e como sabe.
A mãe, de onde vem toda sua força e inspiração, gostaria que ela fizesse Direito. Bem típico de mãe, mas Andreza, apesar de amá-la incondicionalmente, não exitou em contrariar o conselho maternal, e foi fazer jornalismo aos 19 anos. Fazia faxina e pagava sua faculdade. Simples assim ou não...
       Essa metade baiana, metade cearense, diante de um público de sala de aula fazendo uma coletiva sobre sua vida, não titubeou em afirmar que não quer ter filhos, não permite que os homens digam o que ela deve fazer e não exclui a possibilidade de namorar uma mulher.
       Não fala com o pai, odeia a avó e gostaria muito de dar uma surra na madrasta. Andreza é intensa, mas diante de fatos como o alcoolismo do pai e uma convivência traumática com ele na Bahia, quando passou fome e ouviu o que nenhuma filha espera ouvir de um pai, é fácil entender a mágoa e o distanciamento. A mãe, mais uma vez, foi sua heroína: fui trazê-la de volta ao Ceará e retirá-la do convívio com um pai que Andreza não tem a menor intenção de perdoar. Simples assim, ou não...
       Andreza relembra que sua mãe “batia ferro” quando ela tinha 6 anos de idade. Seria a chapinha de hoje, mas a mulher obstinada veio à tona novamente, e ela começou aceitar seus cabelos aos 19 anos. “Eu assumi ser negra”, conclui.
Sobre religião, ela diz: “acredito no meio-ambiente. Sou agnóstica, mas duvido da existência de Deus.”
       E no meio de tantas histórias, traz um relato de assédio, revelando que é a primeira vez que vai falar disso. E fala, emocionando a todos. Apesar da gravidade do acontecimento, ela se mantém firme, digna e corajosa. Como ela finalizou esse episódio marcante? Deu uma surra no assediador na segunda tentativa de estupro. Simples assim, ou não...
       Ver a mãe chorando muito e dizer que não queria aquela vida pra ela, marcou muito a vida dessa virginiana que dá o seguinte conselho: “Não desistam, continuem. Tem dias que você vai acordar ruim, dormir ruim, mas acreditem, aproveitem as oportunidades.”
       Mora com a mãe, padastro, vó e irmã. Atualmente a família tem casa própria, carro, e ela tem 3 gatas. Trabalha com marketing, num shopping na cidade.
       Para finalizar, relata que planeja ensinar e tem o sonho de ser doutora. Quer ser uma mistura de Eugênia com Manu, professoras universitárias que ela admira muito. Simples assim, ou não...

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