domingo, 1 de setembro de 2019

Reportagem - Os desafios do parto humanizado em Fortaleza"



       Escolher o tipo de parto é um desafio para todas as mulheres, e no Brasil as estatísticas apontavam para um contínuo crescimento do parto cesariano – feito através de cirurgia – que atendia por vezes à demanda que a gravidez exigia, outras vezes à comodidade tanto da paciente como do médico no agendamento do procedimento cirúrgico. Em outros casos, a cesárea ocorria pela desinformação quanto aos benefícios do parto normal.
       Segundo informações do site Portal Brasil, pela primeira vez desde 2010, os números de cesarianas na rede pública e privada de saúde não cresceram no Brasil. Dados divulgados em março deste ano, pelo Ministério da Saúde, revelam que esse tipo de procedimento, que apresentava curva ascendente, caiu 1,5 ponto percentual em 2015.
        Desde julho de 2015, está em vigor a Resolução Normativa n. 368 da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) para estimular o parto normal e reduzir as cesarianas desnecessárias. Em cumprimento à Resolução, as operadoras de planos de saúde, sempre que solicitadas, deverão divulgar os percentuais de cirurgia cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde e por médico. Também serão obrigadas a fornecer o Cartão da Gestante e a Carta de Informação à Gestante, no qual deverá constar o registro de todo o pré-natal, e exigir que os obstetras utilizem o Partograma – documento gráfico onde é registrado tudo o que acontece durante o trabalho de parto. Essas e outras medidas institucionais vem contribuindo para o aumento do parto normal.
       O Ginecologista e Obstetra, Marcos Alencar, integrante da Equipe Bem Viver, prega os benefícios do parto normal e defende que deve ser adequado para cada mulher, sendo fundamental prestar todas as informações pertinentes às modalidades de parto à gestante. Marcos reforça que o parto vaginal não leva a nenhum trauma, e a recuperação da gestante é imediata. Em contrapartida, o médico também defende que a parturiente deve ser operada nos casos em que haja alguma indicação clínica.
       Quando se fala na saúde fetal, o médico também ressalta os benefícios do parto natural, como a criança expelir todas as secreções na hora do trabalho de parto, a liberação de hormônios pelas mulheres que são captados pelos bebês, além do fato da gestação está madura.
       O obstetra destaca que o empoderamento da mulher é importante diante de dificuldades que possam acontecer em clínicas e nos hospitais, que vão desde o acompanhamento do pré-natal até o momento de dar à luz, podendo a gestante questionar procedimentos e solicitar informações que a esclareçam. “Vocês [mulheres] deve encarar o parto como natural, pois é uma experiência única na vida mulher”, defende o Ginecologista.
       Diante dessa nova realidade de incentivo ao parto natural, muitas mães tem optado em receber a orientação de mulheres Doulas, cuja função é acompanhar a gestante em todo o pré-natal até a hora do parto. A Doula Priscila Rabelo, fundadora da Associação do Parto Normal em Fortaleza, argumenta que essa profissional ajuda a gestante com informações sobre o parto ao longo da gravidez, e utiliza métodos não farmacológicos como massagens, compressas, orientações de respiração e posição, além de oferecer apoio pessoal e emocional às gestantes.
       Segundo Priscila, os bebês que nascem de parto cesáreo têm 120 vezes mais chances de ter desconforto respiratório do que os  que vêm ao mundo do parto vaginal. De forma geral, ela tem percebido que há um desejo maior pelo parto normal tanto pela opção da mulher como pelo apoio da família.
Humanização

       No início da gravidez, Elaine Soares, 29 anos, fez consultas com um obstetra cesarista, que não incentivava o parto natural. Mas ela não pensou duas vezes e mudou de médico. Procurou uma ginecologista voltada para o parto humanizado e teve Gabriel de parto normal, acompanhada por uma doula, que auxiliou nos momentos doloridos do parto, fazendo massagens, utilizando compressas quentes, e sobretudo, proferindo palavras de incentivo, conta a mãe.
       No momento mais aguardado, foram apagadas as luzes e colocada uma música. O pai que cortou o cordão umbilical, e logo em seguida, mãe e filho tiveram direito a um momento único que se chama “contato pele a pele”, fortalecendo o vínculo entre genitora e rebento, aumentando as chances de uma amamentação bem sucedida e chancelando um nascimento humanizado.
Encontros
       O grupo virtual denominado “partonormalemfortaleza”, que conta com cerca de 16 mil participantes – composto por profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, doulas, grávidas e ex-grávidas, objetiva facilitar a troca de experiências e informações. Os encontros são promovidos regularmente em vários lugares da cidade como Passeio Público, Unifor, etc., para fomentar o incentivo ao parto humanizado, além da partilha de experiências.
       A Associação do Parto Normal em Fortaleza oferece formações com doulas mais experientes para quem se interessar em ingressar na profissão.

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