domingo, 24 de janeiro de 2021

O que foi 2020 e o que precisamos ser em 2021




Texto e imagem: Jamille Ipiranga


O ano de 2020 foi um ano de pandemia, de adoecimento, de milhares de mortes, de enterros sem velório, partidas sem despedidas. Um ano que preparou nosso despreparo, nosso destempero e nosso desamor. Por outro lado, também foi um ano de estar mais perto dos seus, dialogar mais com a família, conversar com os amigos, doar mais, pensar mais e em silêncio se manter.

Houve uma reinvenção de viver. Teletrabalho, cursos online, lives musicais, doações virtuais. Fomos solidários sem sair de casa. Tudo muito novo e inédito. Em momentos nos adaptamos, noutros nos desesperamos. Isolados por meses dentro de casa, a convivência não era fácil, mas o silêncio tudo acalmava. E no dia seguinte, novo ânimo reiniciava.

Fizemos aniversários, bingos, reuniões e comemorações conectados por um link, por videochamadas. Estávamos presentes de alguma maneira. Estudamos em salas de aula online, defendemos monografia virtualmente, colamos grau em estilo Drive In. Impensável! Recebemos presentes, cartões e mimos em datas comemorativas ou não, que nos davam um alento que o amor estava por perto, em formato de carinho.

A forma de comunicação eficaz também mudou. Uma videochamada nos alegrava. Fizemos cafés remotos com conversas reais. Nunca foi tão bom atender um telefonema! Fizemos dinâmicas entre amigas de ligarmos umas para as outras. Passamos horas em conversas. Voltamos às antigas. Vovós, netos, pais e filhos, familiares e amigos se conectaram de formas que nunca imaginaríamos.

Odiamos e nos apaixonamos por nós mesmos, por quem somos, por quem nos tornamos. Às vezes falávamos, em momentos calávamos, muitos instantes soluçávamos. Foi um turbilhão de coisas e ao mesmo tempo, nada. Nada de sair, de encontrar, de aglomerar. Havia um caos interior misturado com um por vir esperançoso que essa fase iria passar.

2021 chegaria. Tudo iria embora. Doença, coronavírus, máscaras. Nada! O Ano Novo rompeu e milhares de vida continuaram a ser perdidas. O adoecimento chegou, o isolamento foi necessário e voltamos a 2020. Entre medo e cuidados, vamos seguindo esperançosos mesmo que o normal não volte a ser como antes. 

Acreditamos firmemente que tudo tem um propósito. Mesmo que precisemos viver de outra forma e realmente precisamos. Mesmo que não estejamos preparados. Releituras, amor em qualquer situação e presença carinhosa são as maiores lições que 2020 e 2021 nos têm dado. Sigamos nossos corações irmanados com nossa essência de servir e amar para além dos anos de pandemia.