Já estamos perto de finalizar o ano de 2021 e muitas coisas
boas e ruins aconteceram nesses últimos dois anos. Em 2020 fomos
“surpreendidos” por uma pandemia ocasionada por um vírus que já matou milhares
de pessoas no mundo inteiro. Eu ainda não tinha escrito sobre isso, mas só
agora com a situação da covid-19 mais controlada, me senti motivada a falar
sobre o assunto.
Vivenciamos um período de horrores. Pessoas morrendo
rapidamente infectadas pelo coronavírus. Hospitais lotados, pacientes sem
oxigênio, caixões lacrados. Famílias enlutadas que não puderam fazer o velório
dos entes queridos em virtude do risco da contaminação. Por meses, uma parte
considerável da população ficou isolada em casa. Aprendemos, a duras penas, a
trabalhar remotamente e a estudar virtualmente.
Deixamos de encontrar amigos e familiares presencialmente.
Olhávamos para as ruas sem movimentação, mórbidas, cinzas, com vestígios de
luto. Os dias isolados nos mergulhou em nossas dores e medos. Tudo parou,
secou, entristeceu, morreu.
Precisamos, como nunca, buscar reforços no lúdico, nas
artes, na música, na terapia e na fé. Foram fortalecedores num deserto que
parecia não ter fim. Por vezes, pensamos ser o fim. Começamos a valorizar as coisas simples, a
família, o lar, os telefonemas para os amigos, voltamos a jogar com os filhos,
amigos e companheiros. Videochamadas salvavam os almoços de domingo, os
aniversários à distância.
Na cozinha, passamos a ser protagonistas de pratos
improvisados, bem sucedidos nalgumas tentativas, noutras nem tanto. Então
buscávamos outras receitas, outros ingredientes para viver, inclusive. As
relações interpessoais nunca foram tão testadas, casamentos foram desfeitos.
Alguns já não era sem tempo. Houve um redimensionamento dos diálogos, foi
necessário reaprender a conversar, a conviver.
A pandemia foi impiedosa com a mediocridade. Nós
precisávamos ter um propósito, um porquê essencial ou sucumbiríamos. A grandeza
dos verdadeiros líderes foi decisiva, proativa e salvou vidas. A desumanidade
dos maus representantes desmascarou os genocidas. As ações dos corações nobres
e valentes coloriam e transformavam um cenário desolador.
Esse momento disruptivo da humanidade também trouxe com
veemência a solidariedade. Doações direcionadas para os mais vulneráveis,
campanhas se intensificaram para levar comida para a mesa de quem não tinha o
que comer ou mesmo quentinhas para quem não tinha mesa. Muitas mãos e corações
se juntaram para ajudar. A oração construiu superação. Deus se fez presente e
foi âncora a evitar nosso naufrágio.
Hoje, um ano e meio depois do anúncio da pandemia
permanecemos usando máscara, álcool em gel e mantendo certo distanciamento
social. Muitos já estão vacinados contra a covid-19 e a rotina parece voltar aos
poucos. A dúvida é: o que aprendemos com a crise sanitária mundial? Se
retornarmos para o nosso cotidiano no mesmo frenesi de viver sem saber para quê
ou por quê, perdemos uma grandiosa oportunidade de ressignificarmos nossa
existência.
Por outro lado, se a resposta for implementar a mudança de cuidar de si, dos outros e da natureza, o aprendizado foi valioso e fecundo. Como vamos lidar com nossa vida e a dos outros de agora em diante, alinhados ou não, com princípios universais como justiça, honestidade, bondade e integridade, ditará para qual lado o barco da nossa vida navegará ou se ficaremos à deriva de outras fatalidades ou pandemias
Muito bom. Vc tem o dom da oratória, fala e escreve muito bem. Parabéns por mais um artigo com esse tema de grande relevância. Cheia de orgulho🥰🙌🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼😘
ResponderExcluirTexto muito motivador e escrito com muita intensidade e coerência. Sou sua fã.
ResponderExcluirIsso mesmo Jamille...Qual será o propósito disso tudo? BELO TEXTO!
ResponderExcluirQue texto! Lindo, tradutor do cotidiano, das angústias e das vitórias...tocou fundo!
ResponderExcluirBrilhante seu texto Jamille! Compartilho das mesmas ideias e também me pego fazendo essa mesma pergunta: o que aprendemos? Difícil responder né...
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