Texto: Jamille Ipiranga
Ilustração: Marcilene Damasceno
Uma professora adorava contar essa história:
- Quando a Jamille era criança lembro que ela não queria dançar quadrilha com um certo menino da escola e eu perguntei por quê.
- O menino é muito feio!
- E você é muito bonita, por acaso? E todos riam a valer.
Esse episódio realmente aconteceu. O "tal" do menino era o pior aluno da sala e eu tinha medo dele, mas isso não vem ao caso agora.
O que eu quero refletir com esse fato, contado até hoje, é indagar se vale mesmo a pena reforçar lembranças constrangedoras ou doloridas das pessoas?
Que sentimento é esse que a gente precisa ridicularizar os outros ressaltando as memórias ruins? Inclusive, reforçando erros cometidos no passado e que queremos esquecer e seguir nossas vidas.
Por vezes, fazemos isso com quem mais amamos para termos a satisfação de tirar boas risadas das pessoas, mas não de todas...
Os personagens das histórias podem ser filhos, pais, parentes, companheiros, amigos ou alunos, que ficam entristecidos. E o que é pior, pode acionar gatilhos dolorosos de não merecimento, tristeza ou abandono.
Encontros familiares, escolares ou bate papo com os amigos são ambientes comuns dessas "recordações" serem trazidas a tona.
Quais histórias contam sobre nós que causam constrangimento ou tristeza? Quais nós contamos sobre eles?
Cuidemos das lembranças boas. Validemos as ações construtivas. Alavanquemos risadas que todos sorriam e façamos das nossas memórias, situações que tragam contentamento e não desconforto.
Tornar os encontros momentos de encantamento e engrandecimento coletivo é um caminho muito mais edificante.
Percamos a piada e mantenhamos os amigos.